Uma loja que não investe na vitrine deixa a desejar – e muito – no que diz respeito à conquista do cliente. Apostar somente no produto e não no ambiente onde ele será exposto é, na opinião do vitrinista Jeff Machado (Rio de Janeiro/RJ), como dar um ótimo presente sem embalagem. “Dá a impressão que faltou cuidado, interesse em agradar, apenas cumpriu-se o protocolo”, afirma.
O especialista considera que a vitrine é espaço de ousadia, próprio para exibir referências e informações que influenciaram o desenvolvimento da coleção. Já no caso de lojas multimarcas, o cuidado é redobrado, pois nem todos os elementos usados em roupas e calçados poderão ser empregados na ambientação e, sendo assim, a coerência entre decoração e produtos é essencial.
A arte do vitrinismo também exige a manutenção constante, orientada pelo calendário de datas comemorativas, pontos fortes de cada estação e variações de produtos. No caso da próxima temporada de moda, a primavera-verão, são datas a serem destacadas Natal, Reveillon, Carnaval e a chegada do alto verão.
Tendências para 2014/2015
As pesquisas do vitrinista mostram que as principais tendências em visual merchandising para o próximo verão são:
Hiperescala - focada na intensidade e incongruência
Rústico - que consiste no uso de materiais brutos, sem tratamento, ainda no seu estado natural, exaltando a sustentabilidade
Texturas - que investe em materiais que potencializam os estímulos sensoriais do cliente
Materiais Alternativos - explora a criatividade para ganhar a admiração do consumidor.
Iluminação
A iluminação está diretamente ligada à identidade da loja. Além da iluminação geral funcional, os efeitos podem derivar da luz dirigida, ou seja, aquela com foco que destaca o produto; ou da luz difusa, que é a iluminação mais abrangente.
“A luz deve mudar de acordo com a estação ou a decoração da vitrine, e a escolha é uma questão de gosto relacionado a todo um conjunto de fatores. É preciso entender sobre as variações de lâmpadas (refletoras, dicróica, halógenas e fluorescentes), as possibilidades de uso, benefícios e desvantagens do uso de cada tipo”, destaca Machado.
Harmonização
A exposição de roupas e acessórios dentro da mesma vitrine pode ser feita de três maneiras. Uma delas destaca os calçados e acessórios, enquanto o vestuário fica em segundo plano. A outra opção valoriza as roupas e coloca sapatos e acessórios como complementos. É possível, ainda, compor looks sem definir quem é o protagonista, deixando a cargo do cliente prestar atenção naquilo que lhe interessa mais no momento.
Naturalidade de verão
Para acertar no visual merchandising da moda para o calor, existem peças-chave. Machado cita, entre elas, os elementos naturais, como palhas, cipós, tramas, cestos, madeiras. “Os pares de calçados podem ser colocados em suportes de madeira ao lado de manequins, assim como bolsas, colares e brincos”, explica.
Pedras também são interessantes, principalmente aquelas cortadas como peças de cerâmica. Nesta composição, o chão pode ser coberto por elas, ou conter apenas algumas unidades servindo de palco para acessórios.
Tropical ou florida
Recorrer ao verde exalta a tropicalidade, a floresta, jardins e parques. Plantas naturais são bem-vindas, desde que próprias para sombra, com os devidos cuidados. Folhagens artificias pedem atenção: há uma linha tênue entre o elegante e o brega.
Seguindo a linha floral, forrar a vitrine com estampas do gênero é uma boa pedida. E Machado dá a dica: quanto menor o tamanho da flor, maior vai parecer a vitrine. Faça um jardim, coloque vasinhos, vasos, instrumentos de jardinagem. Gaiolas com flores também são recomendadas.
Estilizadas
Para uma ambientação retrô, use bustos, tvs, rádios, cadeiras. “Cuidado para não deixar o ambiente escuro e nada de tapetes; ninguém quer se aquecer no verão, a história é se refrescar”, enfatiza o especialista.
Conchas, cordas, bóias, âncoras, pranchas e miniaturas de barcos compõem uma vitrine ao estilo navy ou praiano.
O brilho pode ser resgatado por meio de tecidos brilhosos durante as festividades de final de ano. Já as plumas ficam restritas ao Carnaval.
A decoração provençal é um clássico das vitrines e ambientes internos de loja. O uso de madeira na cor branca levemente desgastada acaba sendo a saída para quem prefere não ousar.
Cores de destaque
A cor mais quente da temporada é o laranja. Também ganham foco variações de azul, tons pastel e verde-folha. “O uso de uma cor na vitrine é fundamental, pois faz com que o consciente comunique-se com o subconsciente e atravesse a barreira da linguística, seduzindo o consumidor para além da exposição do produto”, detalha o consultor.
Já imaginou fazer uma vitrine toda azul ou toda laranja? Forrar chão e paredes, cubos, suportes, inserir objetos e, quem sabe até mesmo, pintar manequins da cor da estação vai causar impacto.
O que evitar
Segundo Machado, devem ficar fora da lista de elementos de uma vitrine de verão, o veludo, pele, couro e cores escuras em móveis e objetos. “Cuidado também com o uso de adesivos; restrinja sua aplicação apenas a palavras, cores lisas ou estampas. Desenhos e reproduções de paisagens não são as melhores opções”, adverte.
Por: Camila Veiga | GBM Comunicação